domingo, 2 de dezembro de 2012

Empreendedorismo Universitário

       Na passada segunda deu mais um documentário  "Momentos de Mudança" na SIC. Mais uma vez gostei, mais uma vez constato que se trata de mais uma sólida e boa reportagem que se junta aos outros fantásticos documentários que têm vindo a ser transmitidos neste canal.
        Esta por sua vez de um tema que me interessa particularmente - o Ensino Universitário. Com esta reportagem ficamos todos lá em casa conscientes do estado ainda mais grave que o ensino em Portugal atravessa.
       Vejamos que, eu pessoalmente, não tenho quaisquer dúvidas de que temos tudo ou quase tudo para sermos um país bem instruído e com uma qualidade de formação de excelência, mas falta-nos a base para que a evolução na instrução portuguesa seja palpável : o espírito aventureiro com pés e cabeça.
       Se viram a reportagem, viram com certeza que Portugal é um dos país com maior número de "nascimento" de novas micro-empresas da Europa, empresas essas que não duram mais que dois anos. Espírito de empreendedorismo não nos falta, o que nos falta é organização e bom planeamento!
      É lamentável, ver tantos crânios  tanto potencial a espalhar talento lá fora e a abandonar o país nesta profunda e tenebrosa crise económica/social e euseilámaisoquê, quando eles podiam muito bem constituir um forte batalhão face ao inimigo e tirar o país da fossa.
      Apesar de ainda estar no segundo ano e ter mais com que me preocupar (neste momento é mais passar às cadeiras todas e dar o meu melhor a todas elas), toda esta falta de oportunidade crescente, inconscientemente ou conscientemente também me começa a preocupar. Antes, andar na faculdade era um orgulho para a família, hoje, andar na faculdade é mais encarado como uma despesa, um enorme investimento num futuro incerto em que "vamos lá ver se não estás a estudar para o boneco", "se calhar o melhor era teres arranjado um empregozinho e pronto".
     No meu ver e felizmente no dos meus pais, estudar nunca é um investimento perdido. Seja lá o que futuro for, tenha eu a sorte de trabalhar no meu país ou me veja obrigada a emigrar ou a fazer qualquer outra coisa que nada tenha a ver com a minha área de formação, sei que as dores de cabeça/preocupações/noites mal dormidas que a faculdade me tem dado (malditas férias que nunca mais chegam) não são de todo tempo deitado ao ar,mas sim a concretização do meu sonho. A esperança que poderei melhorar o Mundo em que vivemos com um conhecimento mais aprofundado da Natureza que nos rodeia.
 Outro tópico que foi abordado neste documentário  é a falta de componente prática que existe na forma em que os cursos superiores são leccionados em Portugal. De facto e tenho essa percepção no curso em que estou a tirar, ainda para mais em Engenharia que as universidades portuguesas insistem mais num plano teórico do que propriamente naquilo que nos faz mais falta e nos ensina realmente a profissão que daqui a uns anos estaremos a exercer - a prática. Somos então comparados à Universidade de Sanford* em São Francisco, EUA.
     Ao contrario de nós, as universidades na América e na maioria dos países da Europa têm protocolos e fortes ligações às empresas, que desde cedo colocam os estudantes a solucionar problemas com os quais se deparam. Assim, um estudante chegado à universidade é logo confrontado com problemas reais e aprende precocemente a lidar com o mundo empresarial e a trabalhar na sua futura profissão.
Deste modo, é como se as empresas tivessem a preparar os seus futuros empregados, uma vez que terminado o curso os estudantes são contratados por essas mesmas empresas.
     Nesta reportagem um professor da Universidade de Sanford diz algo que me deixou a pensar e me deu um fecho de contentamento,  algo mais ou menos assim: "os grandes fundadores das empresas como a Google, e outras que podes encontrar aqui, partiram de ideias de estudantes e não do conhecimento alargado dos professores". Isto tocou-me. Estamos a precisar que Portugal invista e confie mais no potencial dos seus jovens estudantes, porque são eles, somos nós, o futuro do país, está na hora de nos darem asas para voar, não lá para fora mas cá dentro.

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